Escrevia...amo-te
Mais uma vez, com as palavras como armas e os sentimentos enquanto força, Gonçalo e Chilita num post a meias. Enjoy
Escrevia qualquer coisa que fizesse sentido ao coração e entregava aos teus olhos, deixava-me ficar por um bocado a pensar o que tu estarias a sentir naquele momento, encostavas os olhos ao coração e lias....deixavas o silêncio transbordar desde o papel até aos teus lábios quietos...eu desesperava por uma palavra tua, dizias que não sabias o que dizer, como se as palavras te roubassem a fala, se fosse possível que todas elas te tirassem as palavras feias da boca, as que não gosto de ouvir, as mais complicadas de receber e encaixar num amor que foi só teu, todo teu...pensado em ti, que se iluminava com o teu sorriso e adormecia com o mesmo sorriso no pensamento.
Também tinhas o dom de te exceder quando querias, sabias mesmo perpetuar as situações à tua maneira, com as coisas que fazias e deixavas marcadas em mim, talvez seja isso que me faz estar constantemente a pensar em ti, as tuas marcas em mim, a forma como naturalmente e de uma forma que só as coisas mais puras podem fazer, ficaste debaixo da minha pele, não foste algo que se agarrou...passaste a barreira do que se agarra e se tatua em nós. Eras tudo aquilo que estava por baixo do que se vê, a força, a vontade de andar para a frente, o calor e a necessidade quase instintiva de amar, ser-se amado e saber viver com um sorriso durante os dias.
Mas um dia o mundo desaba em cima de nós, tão rápido como tudo começa de um momento para o outro, tão rápido e intenso quanto um primeiro beijo que fica eternamente ligado a duas pessoas, veloz e impossível de deter, o mundo vem cair em cima de nós e não pede licença, não dá espaço para fugir ao seu impacto...porque o mundo que se constrói é aquele que se destrói...ficam as imagens, os sons, os cheiros, o toque, a sensação de que se fez algo eterno, com a pressa dos momentos instantâneos, a memória guardará a eternidade do amor, os sorrisos, as vozes, os segredos e olhares que se fixaram...sem necessidade de mais nada....porque estava tudo ali.
Estava ali… Mas… de vez em quando voava. Voava para longe e quando eu tentava perseguir o amor, não o apanhava. Como poderia perseguir o amor, se apenas ele me dava asas? Mas… quando todas as esperanças pareciam perdidas, esse amor voltava para mim e fazia-me voar outra vez. Eu embalado e inebriado, com aquele turbilhão de sons, cheiros e sorrisos, que eram memórias e uma busca constante na realidade, deixava-me ir naquelas asas e ficava cego, perdido sozinho no escuro à tua procura, para apenas encontrar o meu amor por ti que tão depressa me elevava como me desiludia… Mata-me. Não vale viver a vida sem te ter aqui comigo… Não, não vale. É como os nossos jogos em crianças… Lembraste? Lembraste da maneira como choravas cada vez que eu te agarrava enquanto brincávamos à apanhada e da maneira como clamavas: “Não vale!”… Agora sou eu quem to digo amor… Não vale. Esta vida não vale sem ti. Não vale agarrar-te cada nova vez para apenas te perder a seguir. Não vale esta confusão de sentimentos dentro de mim que grita por ti e que te anseia e repudia ao mesmo tempo. Não vale morrer assim. Quero morrer nos teus braços, com todas as nossas memórias e com todo o sufoco que me provocas. Já sei como vou morrer. Vou morrer sufocado, engolido pelo amor que sinto por ti. Vou morrer nos teus braços e tu vais sorrir como um anjo pérfido da morte, vais sugar o meu sangue e fortalecer-te com ele… Porque é isso que tu fazer amor. Tu sugas a minha vida e alimentas-te dela porque sabes que te dá forças. Sabes que aquele amor que eu estou sempre a ganhar e a perder, aquele amor que persigo intensamente, te dá forças e te fez continuar… Sabes que esse amor me foge porque é teu, logo foge sempre para onde quer que tu vás… E eu, estúpido, acabo sempre por fugir com ele. De novo para ti. Porque cada vez que eu corro, corro para longe de ti e para perto de mim, mas eu amor, só existo onde tu existes…
Estou cansado disso. Estou cansado daquilo a que chamamos amor. Estou cansado da maneira irrefutável como sou teu. Estou cansado de tentar beijar outras mulheres, para apenas ver o teu rosto. Estou cansado de passar noites com outras mulheres, para apenas pronunciar o teu nome na manhã seguinte… Estou tão cansado amor… Apetece-me pousar a cabeça no teu colo e construir devagarinho de novo o nosso mundo… Vamos os dois de novo brincar. É fácil! Prometo-te que sim! Só não vale ires-te embora… Vamos fazer de conta que só existimos os dois na Terra, que somos Adão e Eva, Romeu e Julieta e vamos fazer de conta que nunca ninguém vai destruir o nosso amor… Que nunca nos vamos separar e que vamos ser felizes até ao fim da vida… Vamos sonhar amor! Vamos brincar como as crianças que fomos… Deixa-me deitar a cabeça no teu colo… Afaga-me o cabelo como apenas tu sabes fazer e sussurra-me ao ouvido palavras carinhosas e fantasiosas… Vamos ser felizes em sonhos…
Amo-te.
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